Santa Gertrudis se destaca no cruzamento industrial com média de 20@ aos 15 meses
Seleção por ultrassom de carcaça e genética adaptada impulsionam resultados em sistema intensivo no Mato Grosso do Sul
O cruzamento industrial entra em uma nova fase no Brasil, movida pela busca simultânea por alto desempenho e rusticidade — combinação cada vez mais valorizada frente às limitações de raças taurinas especializadas em ambientes tropicais. Em Nova Andradina (MS), a Fazenda Boa Vista encontrou na raça Santa Gertrudis uma solução prática para elevar produtividade sem abrir mão da adaptação ao clima quente.
Segundo Douglas Rodrigues, gestor da propriedade há 12 anos, os antigos tricross com Angus, Bonsmara ou Brahman geravam animais bem-nascidos e pesados à desmama, mas parte deles perdia performance no confinamento devido ao excesso de sangue europeu. O cenário mudou quando a fazenda passou a selecionar touros com base na ultrassonografia de carcaça, priorizando AOL, EGS e marmoreio, indicadores diretamente ligados a rendimento, precocidade e qualidade de carne.

Imagem: Fazenda Boa Vista/MG
Genética Mangabeira entrega performance e adaptação
A busca por consistência levou à genética desenvolvida há 47 anos pela Fazenda Mangabeira, em Sergipe — referência nacional no uso de ultrassom de carcaça e único rebanho Santa Gertrudis 100% avaliado pelo software BIA. O touro Justus foi escolhido para o tricross com vacas F1, gerando um resultado acima do esperado.
“Os animais nasceram com porte ideal, sem problema de parto, e tiveram desenvolvimento muito superior. Abatemos aos 15–16 meses com média de 20 arrobas, excelente GMD e ótimo padrão de carcaça. O Santa Gertrudis entregou exatamente o que faltava: performance com rusticidade”, destaca Rodrigues.
Ele também reforça o ganho em adaptabilidade: “É animal de pelo curto, mais tolerante ao calor, à pressão de parasitas e ao manejo intensivo. Isso impacta diretamente no lucro”.
A tríade AOL, EGS e MAR como base do desempenho
De acordo com a zootecnista Liliane Cunha, diretora da DTG Brasil e responsável pelas avaliações da Mangabeira, o diferencial está no equilíbrio entre três características essenciais:
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AOL (Área de Olho de Lombo): ligada à produtividade;
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EGS (Espessura de Gordura Subcutânea): associada à precocidade e terminação;
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MAR (Marmoreio): fator-chave para valor agregado via qualidade da carne.
“Quando você seleciona de forma consistente para as três, obtém animais que crescem rápido, terminam cedo e entregam carne de qualidade mesmo em ambientes quentes e restritivos”, afirma Liliane.
Touros em centrais e leilão anual com foco em alta performance
O trabalho seletivo da Mangabeira já colocou quatro touros — Choice, Fogo, Hurricane e Hibitionist — em centrais de inseminação, ampliando o impacto da raça no cruzamento industrial. Agora, com demanda crescente e parceria estratégica no Mato Grosso, a Mangabeira realiza em 4 de dezembro seu leilão anual, com transmissão pela Central Leilões (YouTube) e pelo Lance Rural, ofertando touros e matrizes altamente avaliados para sistemas de desempenho acelerado.
Para o gestor Gustavo Barretto, o propósito da seleção é direto:
“Nosso compromisso é democratizar uma genética capaz de produzir carne de qualidade em clima quente. Entregamos ao produtor a chance de acelerar o ciclo sem perder adaptabilidade, o grande gargalo das raças especializadas.”
Mayara Neves | Canal Rural




