Dos salmos ao martelo: conheça a história de Devanir Ramos

Com início aos 40 anos de idade, leiloeiro tem quase duas décadas de carreira e realiza anualmente 160 leilões por

leiloeiro tem quase duas décadas de carreira e realiza anualmente 160 leilões por todo o país

Leiloeiro Devanir Ramos (Reprodução Facebook/Divulgação)

Conhecemos os leiloeiros rurais por meio de sua habilidade ímpar para comercializar cada animal que fica a cargo de seu martelo ou pela voz marcante que de alguma forma atrai nossa atenção e nossos ouvidos, já que uma transmissão de leilão costuma durar, em média, três horas. Esse profissional importante para alavancar as vendas, desperta curiosidade sobre sua trajetórias. Ao observarmos seu conhecimento sobre as raças ou sua oratória excelente, cada um tem uma história interessante de superação, dedicação e amor à pecuária.

A pergunta que vem é: quais foram os passos dados pelos leiloeiros mais conhecidos no agronegócio para estarem no comando do martelo e dirigindo um grande evento?

Devanir Ramos foi o primeiro a compartilhar um pouco dos seus momentos vividos em sua carreira de quase duas décadas. Uma história que explica seu carisma e sorriso sempre exposto como “cartão de visita”, independente do local ou pessoa que esteja à sua frente.

Exemplo de persistência e, acima de tudo, força de vontade em continuar realizando seus sonhos, Devanir começou sua trajetória como leiloeiro bem depois do que a maioria está acostumada. Ele tinha 40 anos quando decidiu fazer do comando dos pregões uma profissão. “Apostei nos leilões, de lá pra cá, eu posso dizer que é uma realização total. Eu digo que a realização não tem nada a ver com o recurso financeiro que você ganha, mas sim com o que você consegue expressar e os amigos que você consegue fazer. Essa sim é a maior realização pessoal”, segundo ele.

Confira a entrevista completa:

CR: Qual a sua ligação com o agronegócio?

Devanir: Eu já estava ligado ao agronegócio, desde a infância. Cresci vendo o papai trabalhar com animais, vendo minha mamãe trabalhar com animais. Papai era funcionário do maior ícone do nelore, o saudoso Torres Homem Rodrigues da Cunha. Até os 18 anos, trabalhei em uma central de inseminação, na comercialização de produtos para o agronegócio, principalmente para a pecuária; fui trabalhar com a venda de suplementação de agrominerais. Daí surgiu esta proximidade, essa paixão pela pecuária. Fui visitando as propriedades e aprendendo, falando a linguagem do produtor.

CR: Quando veio a oportunidade de se tornar leiloeiro profissional?

Devanir: Comecei um pouco depois do que todos estão acostumados, aos 40 anos. Muitos riram de mim, mas um amigo me emprestou um livro sobre o Roberto Marinho que construiu um império aos 60 anos. Na época, eu fazia leituras nas missas e foi na ordenação do Bispo Dom Sebastião que fui observado pelo diretor e proprietário de uma rádio, em Rondonópolis, em Mato Grosso. Daí veio a proposta para eu ter um programa. Logo após este convite, eu me encontrei com um amigo, também leiloeiro rural, Marcos Rogério Cristóvão, ainda hoje leiloeiro, e disse sobre o desejo de trabalhar com pecuária e, por que não, ser leiloeiro. E nesse dia, eu comecei a me preparar, juntamente com o Marcos Rogério. Foram três anos de preparação. Depois comecei a trabalhar junto com o Rogério, até receber dele a primeira carta de representação, que seria uma carta para que eu pudesse responder pelo meu próprio leilão, até que eu tivesse a credencial como leiloeiro reconhecido pela federação.

CR: Qual foi seu primeiro leilão e quantos remates, em média, você realiza atualmente?
Devanir: Meu primeiro leilão foi na cidade de Poxoréu, em Mato Grosso, junto ao Sindicato Rural de Poxoréu. Depois comecei a fazer leilões em Rondonópolis, Primavera do Leste, Nova Brasilândia, Alta Floresta, Guiratinga, Cuiabá. E aí foram crescendo. Agora faço no Brasil todo. Eu realizo em média 160 leilões anuais. Em 2013, cheguei a 183, mas foi um tanto desgastante, então hoje procuro fazer até 160 mesmo.

CR: E quais os momentos mais marcantes da sua carreira?

Devanir: Foi o dia em que eu recebi o sim do presidente da Federação da Agricultura do Estado de Mato Grosso para me tornar leiloeiro credenciado. Foi em um leilão que eu estava realizando em Rondonópolis. Mas, eu diria que os momentos mais marcantes da minha vida, e com os quais eu me emociono até hoje, são os leilões beneficentes para o Hospital de Câncer de Barretos, ou outros leilões beneficentes, pois são nestes momentos que eu tenho a certeza absoluta que com os dons preciosos que Deus me deu, a vida e a voz, eu posso retribuir para fazer o bem a alguém. E isso é sem dúvida nenhuma a grande emoção da vida, é a grande essência. É o momento que mais me toca, é eu subir no púlpito e dizer: “olha, nós estamos ajudando a salvar vidas”.

CR: Quais os leiloeiros que te inspiraram?

Devanir: Para desenvolver uma boa técnica, eu ficava treinando em frente ao espelho ou mesmo dentro do carro. Na época, utilizando as fitas cassetes, ouvindo os grandes leiloeiros do Brasil. Posso citar aqui o João Gabriel, que para nós é o grande mestre e professor. Escutava ainda o Paulo Brasil, o Agnaldo Agostinho, o Aníbal, o Adriano Barbosa, o [Nilson] Genovesi, e por aí vai um time fantástico de grandes profissionais.

CR: Hoje, qual é sua especialidade como leiloeiro?

Devanir: Tive uma passagem muito grande nas raças leiteiras, principalmente no girolando. E no início da minha carreira tive um foco muito grande com o gado de corte. E até hoje nunca abri mão de realizar leilões de gado de corte. Trabalhei em Mato Grosso com a raça nelore, reprodutores e matrizes nelore. Mas, hoje, 85% dos leilões, que eu realizo, são da raça marchador e do cavalo pampa.

CR: Como você enxerga o criador que vende o animal?

Devanir: Enxergo que é um grande apaixonado. E eu estou ali representando uma paixão de quem criou, porque nós somos movidos pela paixão e o criador também. O criador viu nascer aquele potro ou aquele bovino; ele deu nome e cuidou com carinho. Ele se dedicou. Então, compete a nós parar por um momento e dizer o seguinte: eu estou trabalhando com algo que mexe com as emoções, com o coração de quem está comprando e de quem está vendendo. Se quem produziu se dedicou tanto, eu tenho a obrigação de seguir aquela mesma paixão, de fazer aquilo com muita dedicação e com muito carinho. No meu martelo, nenhum produto é tratado como se fosse algo inferior ou algo que não serve.

CR: E o martelo utilizado durante os leilões é mais do que uma ferramenta?

Devanir: O martelo é uma extensão da sua voz. Quando você bate o martelo está chamando a atenção para o telespectador: compre este animal. Eu não quero encerrar esta venda sem o seu lance. Então, a pancada do martelo é uma extensão da sua voz. Quando eu bato o martelo, eu estou pedindo para o cliente dar mais um lance.

CR: Existe segredo para manter um leilão com ritmo bom, mesmo quando eles chegam a durar nove horas ininterruptas ou mais?

Devanir: Nós temos que entender que alguns eventos não serão tão bons quanto outros, mas o telespectador não precisa ver uma pessoa desmotivada. Ninguém quer se espelhar em alguém desmotivado. Então, se eu falo que preciso vender algo que o criador viu nascer, batizou, quem sou eu na ordem do dia para me chatear, ou esmorecer com o trabalho? Daí que vem a dedicação. Só uma pessoa realizada profissionalmente e que não visa única e exclusivamente o dinheiro, consegue manter o ritmo de alegria porque eu sou feliz com o trabalho de leiloeiro, eu sou realizado com o trabalho de leiloeiro. Quando eu chego para conduzir um leilão, no recinto ou no estúdio, eu me sinto uma pessoa feliz. E qual é a maior demonstração de alegria e de realização de uma pessoa, se não for o sorriso, a voz, a leveza, a transparência, a seriedade? Você não consegue desejar o mal sorrindo. Por isso estou assim, sempre sorrindo.

CR: Todo início de leilão você sempre faz uma prece. Qual a importância de Deus pra você?

Devanir: Eu sempre fui muito temente a Deus e jamais vou me distanciar desse ser tão superior que é Deus, pois sem a presença dele nada acontece. Eu posso sintetizar este momento: nós ouvimos muitas pessoas dizerem o seguinte: não cai uma folha seca da árvore se não for pelo desejo de Deus. Então, nenhum trabalho que eu conduza terá sucesso, se eu não tiver a benção de Deus.

CR: Qual é a sua ligação com a Fiel Leilões?

Devanir: É uma grande parceria que este ano completa oito anos. Eu me coloco como membro da família Fiel Leilões. A parceria mais duradoura neste período todo e que eu tenho realmente um carinho, um respeito muito grande. Não só pela Fiel, mas por todas as empresas leiloeiras.

CR: Qual é sua opinião sobre o trabalho do Canal Rural no mercado dos leilões?

Devanir: O Canal Rural tem uma importância imensa, não só pelo seu percentual de audiência, mas porque faz os leilões com muito profissionalismo. Isso que nós estamos fazendo aqui (entrevista com Devanir) é uma demonstração de profissionalismo, que tem esta preocupação que não visa exclusivamente vender, mas ter uma aproximação. Se nós pegarmos toda a grade de programação, toda ela é voltada ao bem-estar animal, à qualidade tecnológica, o que motiva o produtor a aumentar a sua produtividade, utilizar ferramentas e apresentar ferramentas ao produtor, que ele possa ter rentabilidade. Então, esse é o grande diferencial do Canal Rural.

 

Por Bárbara Siviero | Canal Rural

 

 

 

 

 

 

 

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