Como aumentar a produção de bezerros através da Cria 4.0?

Projeto tem foco no produto e também em toda a gestão do processo do negócio produtivo da cria

Foto: Divulgação/Giro do Boi

Uma visão 360º para a fazenda, um olhar holístico e analítico. Isso pode aumentar a produtividade de criadores de bezerros de corte priorizando o conhecimento ao invés de novas tecnologias cujo uso ainda não estão sob o domínio do pecuarista. Este é um resumo do conceito da Cria 4.0, criado pela consultoria Cria Fértil. A ideia foi detalhada no Giro do Boi desta quarta, 26, em entrevista com o médico veterinário Ricardo Passos, diretor da empresa.

“O que a gente está vendo hoje em termos de mudança na pecuária? Mudou de patamar, o bezerro hoje é um produto valorizado não só em função da valorização do ciclo, ele vem evoluindo a cada ano. […] Na verdade, o bezerro era um subproduto das aberturas de área, das aberturas de fronteira, em que se conseguia produzir animais de qualidade inferior, o que a gente ainda tem hoje, mas em volume muito grande”, explicou Passos.

E ele ainda continuou: “Quando falamos em Cria 4.0, estamos falando de produzir animais onde a gente tem não só o foco no produto, mas em toda a gestão do processo do negócio produtivo da cria. Você tem que estar na excelência em todos os pontos, este é o objetivo. A gente precisa buscar excelência na gestão, no planejamento, na gestão de custo, no manejo, no manejo de pastagem, na seleção de matrizes e reprodutores, coleta de dados e gestão da informação”, explicou Passos.

Segundo o veterinário, a gestão da informação ainda é um aspecto mal trabalhado em muitas propriedades, que até cumprem a etapa da coleta de dados, mas não fazem seu uso para a melhoria contínua da eficiência. “O que muitas vezes a gente vê em uma fazenda é que são coletados muitos dados, mas as pessoas não tem informações, e essas informações têm ser geradas rapidamente pra tomar uma decisão de melhoria, implementar rápido. Não adianta chegar lá no final da estação e falar: ‘eu tive um problema em dezembro’. Na verdade, se você faz uma operação hoje, tem os dados e toma decisão rápido, você vai evoluindo durante o processo, vai crescendo durante a estação. E esse conceito que a Cria Fértil está desenvolvendo, que é a Cria 4.0, engloba tudo isso”, acrescentou.

O que os pecuaristas precisam fazer

Segundo o diretor da consultoria, os produtores precisam buscar conhecimento para usufruir ao máximo as estruturas básicas de sua fazenda, como o manejo de pasto e a nutrição. Isso deve acontecer antes de buscar novos insumos, novas tecnologias, cujo domínio ainda está distante de sua realidade.

“O que a pecuária cresceu, evoluiu, tem tantas tecnologias que foram implementadas, tanto conhecimento que foi desenvolvido… E a pecuária hoje fica com aquela ansiedade de utilizar um insumo, utilizar um produto, e o grande ganho que eu vejo na pecuária, que a gente chamou de Cria 4.0, é que a gente utiliza muito conhecimento”, explicou.

“Às vezes você está querendo um insumo que um bom manejo vai te ajudar. Por exemplo, você pega promotor de crescimento. Bacana, uma tecnologia top. Ela agrega em torno de 90 a 100 g por dia de ganho de peso. Se a gente for pensar nisso, às vezes com um bom manejo de pastagem, você consegue 200 a 300 g. Com água de qualidade, tem trabalhos mostrando 200 a 270 g por dia de ganho de peso. E de repente você quer usar um insumo, mas não está fazendo (o básico). Agora se você tem as 200 a 300 g e coloca o ganho adicional da tecnologia, top, bom demais”, ilustrou.

Para mudar a mentalidade de um criador regular para a da Cria 4.0, Passos disse que há uma operação simples. É necessário elaborar, junto com a equipe, o objetivo do projeto. E também os números que se deseja alcançar e a velocidade com a qual a fazenda deseja chegar até lá. “Cada um tem seu tempo”, ponderou.

Seleção dos animais

Ainda durante a entrevista, o veterinário destacou a importância da seleção de animais jovens pela fazenda. Além disso, ele explicou os benefícios diretos e indiretos para o criador. “Quanto mais animais jovens você coloca dentro do seu rebanho, maior o desfrute em arrobas. […] Um animal jovem chega a produzir mais de 30% a mais de arrobas na fazenda em relação a um animal já adulto, que não tem ganho mais de carcaça. Como por exemplo, uma vaca que já está madura.

A precocidade não está ligada só também à questão da reprodução, mas também ao acabamento. Então se um animal tiver precocidade na fêmea, no macho também vai ter um bom acabamento, então está ligado em todos os pontos”, relacionou.

Três pontos para o criador direcionar seu sistema para a Cria 4.0:

  •  avaliar as matrizes, descobrindo seu potencial produtivo;
  • manejar bem os pastos, ajustando suporte, desfazendo de vacas vazias, se for o caso, antes de apostar em adubação ou correção;
  • selecionar os reprodutores a utilizar (animais melhoradores, principalmente touros) e, se tiver oportunidade, usar inseminação artificial para acelerar o melhoramento do rebanho.

Por fim, Passos falou ainda que melhorias paralelas, como treinamento da equipe, podem contribuir significativamente para o aumento da produção de bezerros. O manejo racional, por exemplo, bem executado pelos peões, pode aumentar entre 15% a 25% a taxa de prenhez, enquanto o custo é reduzido expressivamente.

“Nós estamos passando pelo melhor momento da cria. Eu acho que nós vamos ter bons momentos pela frente. E nós temos que estar atentos nesse momento porque o ganho adicional que a gente tem com a valorização do bezerro, a gente (tem que) investir em melhoria do nosso negócio. Aconteceu diferente disso no último ciclo. Aumentamos a valorização e aumentou forte a ineficiência porque grande parte dos produtores investiram dinheiro segurando mais vacas vazias no rebanho, vacas adultas, que não têm ganho de produção de arrobas, e aumentou o custo de produção. É um negócio inacreditável, mas no último ciclo aumentou o ganho do pecuarista e diminuiu a eficiência da cria. A cria se tornou um negócio muito bacana e comparável a qualquer ciclo da pecuária, competindo em algumas situações com algumas atividades agrícolas com um risco muito menor”, concluiu.

Fonte: Giro do Boi

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