Quais os impactos do coronavírus para a suplementação de bovinos?

Vice-presidente da Asbram aconselhou que pecuarista se programe para estocar insumos

Nesta quarta-feira (18), a vice-presidente executiva da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram), Elizabeth Chagas, concedeu entrevista ao Giro do Boi para tratar dos principais impactos da pandemia do coronavírus para o setor de suplementação alimentar da pecuária brasileira.

Foto: Reprodução/Facebook Asbram

“Estamos aí com o coronavírus, o dólar disparando, a bolsa caindo. São mil coisas acontecendo. Esse ano o mundo realmente está frente a uma crise muito grande. Você vê que os mercados estão fechados, os Estados Unidos fecharam espaço aéreo para os aviões que vêm da Europa, a não ser que sejam cidadãos americanos, a Europa fechou para todo mundo, a não ser que seja cidadão europeu entrando. Então tudo isso gera uma instabilidade econômica. Você tem o dólar hoje em um patamar que eu nunca imaginei. Mas a matéria-prima é em dólar. O Brasil não produz, produz em pequena quantidade. Nós temos um negócio chamado fosfato bicálcico, é ácido fosfórico. O Brasil não produz enxofre, o Brasil não tem rocha fosfática em quantidade pra fazer. Então aumenta (o preço) lá fora, aumenta imediatamente aqui no Brasil. Você tem também uma ureia que hoje deixa de ser produzida no mercado nacional, a última fábrica que nós tínhamos de ureia fechou semana passada, a Petrobras”, contextualizou a executiva.

Postura positiva

Entretanto, Chagas tranquilizou os produtores em relação à postura das indústrias brasileiras do setor. Isso porque, de acordo com ela, estão preparadas para enfrentar as adversidades. No caso da ureia, por exemplo, a profissional informou que as indústrias da Asbram se anteciparam à questão e estão abastecidas, inclusive com companhias produzindo no exterior e trazendo ao Brasil.

Chagas recomendou ao produtor que sobretudo neste momento não compre os insumos “da mão para a boca”, ou seja, que faça as aquisições antecipadas para evitar problemas. “O que eu quero dizer pra vocês é que a gente está vivendo um momento de grande instabilidade. Esta é a realidade da coisa. Então hoje, que nós estamos na frente quase de uma mudança de estação, se eu puder dar um conselho para que você trabalhe em cima do seu pecuarista: planeje. Ele vai ter que planejar, ele vai ter que comprar os insumos com antecedência, ele vai ter que ter os insumos guardados”, indicou.

Ela ainda reconheceu, em meio à entrevista, que está animada mesmo em meio aos obstáculos. “Eu gosto muito de desafio. Eu gosto de crise porque na crise todo mundo que é competente sai na frente. Também digo que crise é só tirar a letra S e fica crie. Então nós temos que criar, nós temos que ousar, o momento é de muito planejamento e usar a tecnologia disponível”, completou.

Importações para a China

Além disto, a executiva espera que da recuperação da pandemia na China, o que já está ocorrendo neste momento, haja uma consequência positiva para o Brasil. “Eu tenho um lado positivo, se você quer saber. Porque a China está começando a abrir mercado, o chinês quer voltar a comer. E de onde vem a comida da China? 40% da comida de lá vêm deste país (Brasil). Então nós temos um momento de dificuldade agora, mas eu antevejo um segundo semestre muito melhor do que este primeiro semestre. É uma questão de planejamento estratégico, faça conta. O pecuarista hoje que não fizer conta como o agricultor faz não vai pra frente”, advertiu.

Fonte: Giro do Boi, com edição de Bianca Sandrine | Lance Rural

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