Abate de animais orgânicos cresce na região pantaneira

Pecuaristas do Mato Grosso do Sul que aderiram ao programa receberam cerca de R$ 120 a mais por cabeça

O abate de animais classificados como orgânicos e sustentáveis atingiu recorde no ano passado, com o envio de 39.762 cabeças às indústrias frigoríficas por pecuaristas pantaneiros de Mato Grosso do Sul. O número é 12 vezes maior que o volume de 2019, quando 3.111 animais foram abatidos, e representa o triplo em relação a 2020. Os dados divulgados pela ABPO (Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável) apontam para uma maior adesão dos produtores rurais ao Programa Carne Sustentável do Pantanal, do Governo de MS, que diminui 50% do ICMS para aqueles que optam pelo modelo de produção, a iniciativa representou cerca de R$ 120 a mais por cabeça no bolso do produtor.

“Os números representam o crescente interesse do produtor pantaneiro em qualificar o seu produto e comunicar isso ao consumidor. Estamos falando de um maior volume de proteína certificada no mercado, com ênfase nas questões ambientais e sociais do Pantanal” explica o presidente da ABPO, Eduardo Cruzetta.

Para o diretor executivo do Instituto Taquari Vivo, Renato Roscoe, que apoia a estratégia de produção sustentável da ABPO, o avanço da pecuária sustentável no Pantanal representa uma oportunidade para a conservação do bioma. “Os pantaneiros desenvolveram por quase 300 anos um sistema de produção em equilíbrio com a exuberante biodiversidade do Pantanal. Valorizar esses sistemas tradicionais significa criar meios para produzir e conservar ao mesmo tempo”, afirma Roscoe. “O programa também inova ao estimular as boas práticas e a conservação ambiental nos planaltos adjacentes ao Pantanal. É sempre importante lembrar que os planaltos estão conectados com a planície e são essenciais para o ciclo hidrológico da planície alagável.”

Segundo o presidente da ABPO, é preciso valorizar pecuaristas que têm aderido ao sistema sustentável de produção em diversos biomas, a exemplo do que acontece no Pantanal de Mato Grosso do Sul. “Qualquer iniciativa que tenha por finalidade uma criação sustentável e traga dignidade aos profissionais envolvidos, dinamismo à pecuária e colabore para as questões econômicas locais merece ser valorizado e visto com outros olhos. Este é um caminho sem volta”, pontua Cruzetta. “Os maiores ganhos quanto às iniciativas sustentáveis no campo ainda estão por vir”, completa o presidente ao lembrar dos nichos de mercado internacionais e dos Pagamentos por Serviços Ambientais, praticados de forma tímida atualmente no Brasil.

Fonte: Semagro

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